Oi
Pai.
Não sei se minha primeira carta chegou pra
vocês. Espero que sim porque, do contrário, meus próximos relatos não farão o
menor sentido. Escrevo isso enquanto me preparo para dormir numa carroça ao
relento porque alguém deve ficar de vigia. Mas adianto-me. Vamos do começo.
Como disse anteriormente, embarcamos numa
jornada a fim de levar mantimentos para um vilarejo chamado Phandalin a sudeste
de Neverwinter. Somos em cinco e Autarg, claro, está comigo. Há um pequenino também
conosco que conheci há pouco na cidade e achei que poderia ser útil. Milo é seu
nome e o rapaz, embora tenha um passado complicado (e quem não hoje em dia?),
parece estar com o coração no lugar certo. Além deles, temos também um nobre
cavaleiro servo de Tyr, Hyvan, e um mago elfo devoto de Ohgma, Paelias. Esses
últimos dois eu conheci recentemente. Gundren insistiu que sua ajuda seria
necessária e os contratou. E que bom que o tenha feito!
Saímos de Neverwinter pela manhã e a estrada
estava tranquila por todo o primeiro dia. Mas no segundo dia de nossa viagem,
avistamos dois cavalos mortos no meio do caminho. Temendo algum tipo de
emboscada, seguimos adiante cautelosos. De fato, foi uma emboscada, o que
percebemos pelas flechas negras fincadas nos pobres animais. Mal nos
apercebemos da situação, fomos nós mesmos atacados por um bando de goblins.
Criaturinhas vis! O que têm de fraqueza, compensam com crueldade, número e
astúcia. Até mesmo o cavaleiro com sua armadura pesada foi gravemente ferido
por elas. Mas ao fim, tudo deu certo e derrotamos nossos pequenos inimigos.
Passado o embate, encontramos pelo chão um tubo porta-mapas. Para meu espanto e
desespero, pai, as inicias rúnicas de Gundren estavam marcadas no tubo! De
súbito, uma preocupação avassaladora me acometeu. Mas não encontramos corpos,
apenas uma trilha que levava para o norte com as pegadas de nossos inimigos.
Sem pensar duas vezes, resolvemos seguir.
Chegamos à entrada de uma caverna de onde
corria um pequeno riacho. Eliminamos rapidamente dois sentinelas que se
escondiam do lado de fora e entramos. Era escuro e isso dificultou muito a vida
de meus companheiros. Defrontamos com um goblin que andava sobre uma ponte que
cruzava o riacho e, sendo avistados, tentamos eliminá-lo o mais rápido possível
para que não avisasse os outros. Ainda assim, fomos notados: logo, uma torrente
d’água desce pela caverna nos acertando em cheio e nos arrastando para quase
fora. Uma segunda tentativa e já estávamos um pouco mais preparados. Subimos a
ponte e seguimos o caminho para oeste. Foi quando chegamos a uma câmara repleta
dos pequenos seres asquerosos, porém, nada podíamos fazer: seu líder mantinha
Sildar, companheiro de Gundren sob a ponta da faca. Tentamos negociar e ganhar
tempo para pensar numa saída daquela situação, mas não conseguimos e tivemos de
ceder: o líder Yeemik pediu que nós lidássemos com um concorrente seu do outro
lado da caverna, uma criatura grande chamada Klarg. Imagine como nos sentimos
tendo que realizar uma tarefa praquela criaturinha nojenta! Mas como não víamos
outra opção para salvar Sildar, seguimos com o plano. No caminho, enfrentamos
mais alguns goblins até que chegamos a uma outra câmara maior. Estava
aparentemente vazia, mas fomos emboscados quando, de trás de um monte de caixas
do que pareciam ser mercadorias roubadas, surgiram goblins e uma grande
criatura com força pra rivalizar até mesmo com o Autarg. Foi uma batalha
rápida, porém violenta e eu mesmo não saí ileso. O senhor deveria ter visto
minha cara quando levei uma pancada que chegou a tirar o ar de meus pulmões!
Cumprido o objetivo escuso, voltamos ao líder
dos goblins para terminar nosso trato e sair daquele lugar asqueroso o quanto
antes com Sildar. Foi revoltante tratar com criatura tão vil, mas não podíamos
simplesmente quebrar com nossa palavra. No entanto, secretamente prometemos
voltar lá nem que seja para recuperar as mercadorias roubadas que são do povo
de Phandalin por direito.
De volta à estrada a caminho de Phandalin,
conversamos e tratamos das feridas de Sildar. Ele confirmou que os cavalos de
fato eram o seu e de Gundren e que foram emboscados. No entanto, para minha
tristeza, nem ele nem Yeemik sabem para onde meu primo foi levado. Desculpe,
pai, juro que estou tentando. Prometo que farei de tudo pra encontrar Gundren,
mas agora precisamos ir a Phandalin a fim de descansarmos e nos prepararmos
para o que vem pela frente. Meus colegas foram à estalagem descansar, mas como
chegamos tarde da noite, alguém precisa ficar fora para tomar conta da carroça
e assumi essa função. O sol já quase raia e começo a ver os primeiros
movimentos nas casas. Logo nos meteremos em mais alguma empreitada, com
certeza.
Esse foi só o começo de minha viagem e
Marthammor já me põe à prova dessa forma. Que o nome dos Buscapedra me ajude e
me dê forças para o que há de vir.
Com
saudade e carinho, seu filho
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