Não se sabe do princípio. Sabe-se apenas que eles estavam
lá. Eram muitos , tantos e tão diversos. Como ou quando já não importa, mas
Olorum foi o primeiro, se é que já se contava o tempo.
De sua essência vieram Oxalá e Odudua, irmãos e amantes,
complementos da criação com o material. Juntos, propulsores de toda a força
criadora, fizeram surgir a terra e o mar e a esses foram dados os nomes de
Aganju e Iemanjá. De seus filhos, o pai orgulhoso ainda hoje cuida e o vemos em
todo seu esplendor quando atravessa os céus em sua ronda diurna.
Iemanjá e Aganju, união perfeita e amor eterno. Deles, surge
Orungan, filho e eterno e apaixonado por
sua mãe. O mais belo entre os orixás, preenche o espaço entre o céu e a terra
com o ar e diz-se que ao olhá-lo, ele é a primeira coisa que se vê pois ele
tudo permeia. No calor da paixão por sua mãe, persegue-a loucamente e ela o
nega. Um dia, engana seu pai criando-lhe uma distração e assume sua forma,
tendo roubado a coroa de seu pai, a “Coroa de Estrelas” ou “Adeírawo”, entregue
a Aganju pelo próprio Oxalá com seis grandes gemas que simbolizavam os segredos da criação.
Enganada, Iemanjá deita-se com o filho e esse mostra-se à
mãe ao final do ato para seu desespero. Confusa e com repulsa pelo ato que
cometera sem saber, Iemanjá corre de seu filho em uma perseguição desenfreada e
acaba por tropeçar e cair, machucando-se severamente. De seus seios, duas
enormes torrentes d’água surgem acumulando-se e formando o mar. Seu enorme
ventre, agora inchado, irrompe em uma explosão de sua essência divina.
Aganju retorna da falsa tarefa que seu filho havia criado e
toma conhecimento do acontecido. Ocorre um combate aterrorizante em que a
própria terra rugia e os ventos gritavam. Percebendo o que acontecia, Oxalá
interfere e tenta impedir que pai e filho se matem. Mas num momento de fúria,
Aganju aproveita-se da distração dos outros dois e devora de uma vez o próprio
filho. Desde então, a morada de Orungan é dentro de Aganju, debaixo da terra. A
Coroa das Estrelas cai dentro do mar de Iemanjá e a essência da criação das
seis gemas da coroa une-se à essência divina da deusa, dando origem aos seis orixás maiores do panteão:
Xangô, Ogum, Oxóssi, Oxum, Iansã e Nanã. Contudo, muitos
outros surgiram como Omulu, Oxumaré etc.
Nascia o panteão de Aiyê.
Triste com o acontecido, Olorum parte pra nunca mais ser
visto.
Oxalá, tentando dar sentido aquilo tudo, utiliza a união da
água do mar com a terra e do barro cria o primeiro homem e isso parece deixar
todos felizes. Comemora, bebe e se diverte junto aos outros orixás e nesse
momento tenta criar novos homens. Mas, entorpecido, cria pequenos seres,
humanos um pouco diferentes que viriam a se tornar os anões.
Outros orixás seguem o exemplo, como Oxóssi que cria os
elfos. Nanã tenta também realizar sua criação, mas não tendo a experiência e
poder de Oxalá nem a sabedoria de Oxóssi, acaba criando aberrações deformadas e
sente nojo, renegando-as. Xangô, junto a Oxalá, julga Nanã e considera seu ato
de muito egoísmo, punindo-a, tirando sua beleza que antes rivalizava com a de
Oxum e confinando-a à solidão e feiúra dos pântanos e charcos onde a lama que a
cerca será pra sempre um lembrete da tristeza a que quis relegar sua criação,
hoje os orcs.
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